Fome ou vontade de comer?

Fome ou vontade de comer?

Marta Elini dos Santos Borges*
* Diretora e responsável técnica - CCNS, Mestre em Saúde da Família, Especialista em Psicologia Clínica, Hospitalar e Hipnose Clínica, Atuação por 28 anos como Psicóloga no serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital Federal de Bonsucesso.

O aumento na população da ansiedade, estresse e depressão, pode estar diretamente relacionado com o ato de comer por comer, numa atitude de compensação das frustrações e problemas. Em consequencia, a ingestão de alimentos torna-se bem maior do que o organismo precisa para viver. O desequilíbrio emocional pode levar a uma queda no nível de um hormônio responsável pela sensação de bem-estar (serotonina), que é produzido pelo corpo quando açúcares são ingeridos. A pessoa então come simplesmente para tentar preencher um vazio emocional e então se sentir melhor.
 

A fome resulta de uma necessidade fisiológica em obter nutrientes, ou seja, quando a taxa de açúcar no sangue fica baixa, entre as refeições, o cérebro entende que o combustível para manutenção das funções vitais está acabando e então envia sinais ao corpo, como o “ronco do estômago”, dor de cabeça, etc…
 

Emoções e a comida caminham de “mãos dadas”. A relação afetiva com o alimento se inicia já no nascimento, quando precisamos mamar para sobreviver física e emocionalmente. O ato de mamar passa, então, a ser associado à sensação de afeto e proteção, assim como também às lembranças que alguns alimentos despertam. Estímulos externos, como por exemplo o cheiro de algum alimento, também podem despertar a vontade de comer sem que estejamos com fome.
 

Emoções mal articuladas podem fazer com que as pessoas comam além do necessário, levando à obesidade e propiciando o surgimento de um círculo vicioso, onde se fazem presentes culpas, frustrações, complexos, carência, solidão e isolamento intencional. Podem surgir também, doenças cardiovasculares, diabetes, elevação da pressão arterial e do colesterol.
Para quebrar o círculo vicioso da comida é muito importante que além dos aspectos clínicos, físicos e nutricionais, sejam valorizadas e tratadas as questões de ordem afetivo emocional.
 

Fazer uma revisão diária do que se comeu e de quando se comeu, permite reavaliar com mais clareza se uma vontade repentina pode ser o anúncio de fome ou não.
Dicas para manter o foco na dieta:
- Antes de começar a dieta, defina uma meta em relação ao processo de emagrecimento e resultados esperados.

- Comunique as pessoas de seu convívio sobre sua decisão de emagrecer para que elas possam lhe dar apoio e suporte.

- Antes de iniciar uma refeição, se desligue dos problemas e mentalize sua meta.

- Preste atenção na montagem do prato, na mastigação, nas cores, sabores e cheiro da comida.

- Durante a mastigação, observe os seus pensamentos mais comuns, verificando assim se está substituindo suas carências afetivas pela comida.

- A higiene mental diária pode ser a chave para manter o controle das emoções.

- Parabenize-se pelas vitórias do dia e por mais um degrau avançado rumo a meta.
 

Emoções equilibradas facilitam o processo de reeducação alimentar e conseqüentemente contribuem com as dietas, trazendo resultados mais eficientes e eficazes no processo de emagrecimento.